segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Celebrar em poesia

Quão f’lizes podem ser as nossas vidas
Se as musas do infinito procuramos
Se as emoções explodem incontidas
No eixo da razão, então, cantamos.

Na folha de papel, noites vencidas,
No respirar das horas costuramos,
Letra a letra, obra a obra, prometidas,
No pulsar da caneta que encontramos.

Na folha branca teimamos bordar
Inspirados na musa predilecta
Ou num passado que nos faz sonhar

Quando a Lua é o manto do poeta,
Quando vem em seu sono celebrar
A paz que em poesia se completa.



Cecília Rodrigues-2013
"IN Hoje é o tempo"

quinta-feira, 31 de maio de 2012

(Capítulo V-
IN-Veleiro de saudades 2012)

A vida de um cão, começa sempre por …”hoje”
Sempre num qualquer dia, o hoje tem que existir, porque sempre que algo acontece, eu digo da mesma forma …hoje …hoje …e segue-se a história.

"A despedida do meu fiel amigo"

*
*


*
*

Capítulo VI

___Estas palavras acima, pertencem a um capítulo passado.
“Hoje” é o meu sexto e último capítulo:
*
Tenho andado cansado, triste, mesmo muito exausto.
Acho que é o peso da idade.
Nestes quase quinze anos de vida, tenho sido um cão feliz. Muitos passeios de carro, muitos amigos, daqueles que quando deixam de nos ver, perguntam sempre por nós.
Acho que vou ter que os abandonar, não me sinto bem de saúde. O meu coração está a atraiçoar-me, às vezes sinto falta de ar, o meu peito ofegante parece que vai explodir.
Os meus donos, já me levaram ao veterinário, tenho que tomar uns comprimidos, talvez melhore, mas não parece…
Já se passaram alguns dias, e ainda estou muito fraco, minhas patas não me obedecem, quase sempre tenho que ser carregado ao colo, essa parte eu até que gosto (quem não gosta de um colinho?).
Já há dias que não consigo dormir descansado, esta aflição me atormenta, atormenta todos aqui em casa. Não me deixam sozinho, estou sempre acompanhado pelo carinho dos meus donos, impotentes, nada podem fazer, a não ser esperar o que reserva o futuro.
*
Sinto, que estou, me despedindo do meu relvado á volta do prédio, dos meus passeios até á praia, dos carinhos recebidos de todos os vizinhos…tantas crianças que me adoram (eu também adoro as crianças).
*
Hoje estou indo em direção do nada, não consigo perceber, só sei que estou meio tonto desequilibrado…
Acho que vão decidir o que é melhor para mim, sei que o farão por amor. Não me querem ver sofrer e eu ficarei eternamente agradecido…vou descansar!
*
O melhor disto tudo é que sei, vou estar dentro do coração de cada um dos que conviveram comigo tantos anos, sei que nunca os dececionei, sempre dei e recebi carradas de amor e carinho de toda a gente.
*
“Hoje” foi um dia difícil, muitas lágrimas ainda tombam pelas faces…mas logo vão compreender que vou estar bem e vou estar sempre presente nas boas lembranças dos anos passados, das gargalhadas às minhas brincadeiras, dos incómodos matinais para ir á rua e voltar, das namoradas que deixei…foi bom, “Valeu a Pena!
*
Snoopy
Por Cecília Rodrigues
17/11/1997-17/05/2012
*
*

• R.I.P- 17 de maio de 2012
Meu grande e fiel amigo eu sei bem que esta msg nunca a vais ler, mas expresso aqui a minha homenagem a ti, foste-me muito importante numa fase da minha vida só ctg é que consegui alcançar certos medos, vou ter saudades tuas e desses teus abraços enquanto dormia! Nunca vais ser esquecido, até sempre meu grande irmão!!! *
• *
*
*
• Augusto Cezar

sábado, 30 de abril de 2011

Recito-te um poema





Agarro um poema

Recito-te

Com voz de mel

Olhar de volúpia

E seda na pele



Cecilia Rodrigues

sábado, 5 de março de 2011

Digo-te

Digo-te isto sem mágoas ou temor
Sem glórias sem dor da desilusão
Apenas em meu peito abrigo o amor
Divago as vozes do meu coração

Arestas me tomam quando ao sol-pôr
Incertezas dominam este chão
Mendigo luzes aos céus, por favor!
A palavra, o caminho, o meu guião!

Não te sei dizer ao certo a palavra
A palavra mais exacta, esta larva,
Sem ferir tuas quimeras de cristal

As heras criam raízes profundas
Criam poema sem dores ou lacunas
Sou hera moribunda, não leves a mal!


Cecília Rodrigues - 2011

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

http://www.euedito.com/minha-prenda-para-o-futuro.html

http://www.euedito.com/minha-prenda-para-o-futuro.html
*
*
Visão rápida
No mais alto da montanha,
Abres os teus braços e sorris...
Sorris, porque estás vivo...
És um sobrevivente deste tempo...
E um crente no futuro...
E porque tu acreditas...
Esta será a tua prenda dos Céus.
*
*
Queridos amigos estou dando a conhecer o meu recente trabalho feito Obra, feito alma e coração, não foi fácil decidir este passo, sei que não estará perfeito, porém meu objetivo foi e é, deixar uma minha prenda para no futuro estar sempre presente em vossa vida ...grata a todos que desejarem ler e ter esta Obra.

Podem comprar online através da livraria "Euedito" é só clicar no link acima .

Podem também escrever para o autor(a)neste endereço de e-mail:

webmaster@cecypoemas.com

Cada livro reverterá a quantia de 1,00 € a favor da Liga Portuguesa contra o cancro.



Grata
Cecília Rodrigues

sábado, 20 de novembro de 2010

Célia (Conto)

Estamos em 1957...os personagens aqui criados tem o nome fictício...embora se trate de uma história verídica . Tudo começa, quando a nossa personagem principal, tem de imigrar para Caracas _Venezuela, acompanhada de sua mãe Maria, para ir ao encontro de seu pai; António. Célia, chegou a Caracas, mais própriamente ao bairro da cidade : Cátia, onde eram aguardadas anciosamente por seu pai, afinal, estivera ali, só, sem a familia durante sete anos. António, partira para Caracas, á procura de uma vida melhor. Fez de tudo, desde pedreiro, carpinteiro...até que um dia, a convite de uma amigo, entrou no negócio de padarias. Aí as coisas eram mais favoráveis; até então, tinha que preparar suas próprias refeições . ___Sete anos mais tarde, já de situação financeira melhorada, volta á sua terra natal, de onde partira, deixando mulher e dois filhos: Célia e Rolando. Célia por sua vez, e por mais dificil adaptação ao pai, que só conhecera na altura pessoalmente aos oito anos de idade , foi então decidido que iria ter com seu pai na companhia da mãe, para a cidade de Caracas , uma vez que então seu pai já se encontrava lá novamente, Célia ficou só para terminar o ano lectivo.
Seguiram viagem rumo áquele país, viagem essa bastante turbulenta,uma vez , que Houve avaria no avião, este teria que voltar para o aeroporto de Lisboa depois de duas horas de voo com uma "pequena avaria" ( diziam eles ). Estando já em Caracas, no bairro de Cátia, tudo era diferente. em vez d ecasinhas da aldeia, eram prédios arranha-céus,tinha que andar de sapatinhos e meias todos os dias ...não podia correr descalça pelos prados. Havia uma TV, algo novo e realmente surpreendente, podia ver os meus filmes preferidos acompanhar as notícias, realmente uma vida bem diferente da que levava na sua aldeia. (porém adorava memso era andar descalça pelos prados ). Desde pequena Célia, era atenta aos noticiários, ( hábito criado por seu pai ). Primeira coisa de manhãzinha, ligar o rádio, ouvir as noticias matinais. Graças a esse aguço pelo gosto das notícias, Célia foi se apercebendo que diàriamente haviam casos de raptos, assaltos...etc.... Logo fácil de imaginar que se tratava de uma cidade com algum perigo. Logo, todos os dias , e a cada dia, a cada hora, tinha mais certeza de que ali não era o seu lugar. Numa rotina diária, sua mãe, como já referi antes , viajou junto com Célia, onde se reuniram para então finalmente ter uma vida normal de familia unida. Apesar de ter deixado em Portugal, seu outro filho, Rolando. ___ Continuando...a mãe de Célia , ( Maria ) para que o esposo não encerrasse o estabelecimento comercial em hora de almoço, ( para melhor servir os seus clientes ) deslocava-se ao local de trabalho onde levava o almoço ao pai de Célia, local que ficava a uns dois quarteirões dali. Célia aguardava a volta dela, ficando no adro do edifício brincando com outros meninos vizinhos.trazendo consigo sempre a chave da porta de casa, simples e sem chaveiro, apenas ocultada pelo polegar , prensando-a na palma da mão. Nunca deixava que ninguém a visse. Sabia do perigo que representava ainda mais naquela cidade!
___Certo dia, vê uns meninos; ( meninos da favela provàvelmente ) rondando todo o prédio, deviam andar á procura de algo que pudessem afanar ,(pensou logo, Célia ). Destemida , determinada, disfarçadamente segue-os com o olhar e o corpo á distância. Pelo caminho, foram deixando umas revistas em quadrinhos, deram a volta e talvez por se sentirem observados, não levaram nada, (havia sempre estendais, nas traseiras e costumava desaparecer algumas peça de roupa).
___Aqui começa a aventura de Célia:
___ Em simultâneo, ainda de olhar atento, para os meninos que se afastavam, eis que dá com os olhos num desconhecido, vindo do outro lado da avenida, em sua direcção;O coração de Célia, bate fortemente ... sente um leve arrepio ... uma sensação de medo ...algo lhe diz que aquele homen, tem más intenções. "Lembrara-se então, instantes antes, de sua mãe sair para cumprir a tarefa diária, ( Levar o almoço a dois quarteirões ) veio-lhe á mente, ter ouvido passos, alguém entrara no prédio, (morava no rés do chão) logo entreabre a porta, com a correntinha de protecção, (jamais se abria a porta sem essa correntinha que a travava).___Interessante ; "Pensa " : Já naquele momento, ao ver aquele estranho entrando no prédio e aquela hora ; não era normal, como se um mau pressentimento tomasse conta dela. Mesmo chamando a atenção de sua mãe , Maria, não deu importância, (coisa de criança.Pensou ela).
__Enquanto fitava-o de modo temeril, assustado ... estes pensamentos, somavam-lhe os medos ... a certeza de se tratar do mesmo homem. Este então teria andado a premeditar algo. Mais o medo se somava ...nem podia acreditar; estava seguindo em sua direcção!! Célia começou a sentir um pequeno estado de pavor , mas sempre com seu semblante normal, não fora ele perceber algo, e daí fazer-lhe mesmo mal, era as conversas que ouvia : (não reagir diante do inimigo, pois poderia ser fatal.) Esse pensamento, sempre presente em todos os instantes de Célia durante este acontecimento. Inerte, como que estática, Célia não sabia o que fazer... uma coisa era certa , não podia deixar que visse a chave na mão. Ninguém por perto, parecia conspiração, nem podia acreditar ...! O desconhecido, pasos lentos avança, mais alguns passos, baixa-se, segura algumas revistas em quadrinhos, deixada momentos antes pelos garotos de rua. Pensei: pra quê? ___( Logo veio a resposta : )___Célia estremece !! . O homem dirige-se a ela ... !suas suspeitas se confirmaram : Provàvelmente, é um raptor, assaltante ... ou coisa que o valha!!Mesmo assim, Célia, prende cada vez mais a chave, como não tinha porta-chaves, o polegar a escondia perfeitamente, o braço descontraído, e restantes dedos , de forma que o individuo não desconfiou nem um segundo de tal facto. Tendo em conta a idade de Célia , oito anos e alguns meses, esta já tinha ou então criou naquele instante, um sentido pra além do sexto, precisava sair dali , mas como??___Não se tratava de um filme, era real e estava acontecendo com ela .Ainda não acreditava no que se estava a passar ! De repente o desconhecido, aproxima-se mais e começa um diálogo:
____Queres ler? (mostra-lhe a revista em quadrinhos) ___ Não ... Obrigada . ____ Ès portuguesa? ___ Sim ...( cada vez mais assustada ) mas, sempre aparetando uma calma e descontracção de quem não desconfia de nada ) Célia vai respondendo ás perguntas do desconhecido. ____ Onde estão teus pais? __ Sairam ... Célia , sabia que ele observara todos os passos desde aquela hora em entrou no prédio.O importante é que não descobrisse que estava de posse da chave de casa. ___ Olha, vai guardar a revistinha em casa, eu te ofereço, ( tentando persuadir Célia a entrar em casa ), esta continua ... não tenho a chave .____ Então diz-me onde é a caixa de correio:___ È ali!. ____ Vamos até lá ...retrucou ...! Célia já entrando quase em pânico, mas sempre aparentemente calma, segue o que o individuo lhe diz. ____ Então guarda as revistas para leres ... depois de muita insistência ... Célia , tremula, segura as revistas, e calmamente as coloca por debaixo da porta ...a chave sempre presa na palma da mão, escondida pelo polegar ... ___ Mostre-me então a sua caixa de correio ... ( ficava ao fundo do corredor junto ás escadas, e junto a uma porta de apartamento ) ... .Célia ... pensava numa saída, talvez tivesse tempo de tocar a campaínha e ter a sorte de encontar alguém em casa, mas pouco provável, numa cidade onde todos trabalham e dificilmente vem a casa almoçar ...( o pânico aumentava ). Num movimento, rápido o estranho, agarra Célia, e a coloca em seu colo, e senta-se na escada do prédio ... Célia , sente que corre perigo, pensa: Que será que vai acontecer?? Recebe, ofertas de chocolates , ao que responde sempre negativamente ... enquanto um frio enorme lhe desce pelas veias percorer todo o corpo, parece um pesadelo ... e uma campainha bem ali a sua frente, mas , se salta e carrega no botão, e ninguém abre? ... provàvelmente ele pode me matar ... ( penasava ela ) ... Estava quase a sentir que não escapava daquela ... quando como que por milagre ... ( por isso Célia acredita em milagres ) ... Ouvem-se passos adentrando o edifício ... foi quando o individuo deu um salto ... solta Célia ... e corre pelas escadas acima. Célia , implora, ao casal que entrou naquela hora : ___ Por favor, tem um ladrão aqui no prédio, tentou raptar-me ...!!!!___ Sim... sim... menina ... nós vamos ver ... ____ Obrigada ! Célia ao mesmo tempo, entra em casa o mais rápido possível, tranca a porta , e claro, na volta da mãe, narra toda a história. No dia seguinte, indaga a pequena Célia os vizinhos que caíram do Céu naquela hora de aflição ...__ Então pegaram o ladrão??____ Olha, menina ... fomos até ao fim das escadas, entramos no terraço e ... não vimos nada !!! Imaginem ... de tanto medo e com toda a certeza, trancaram-se e nada fizeram claro... Fica aqui registrada a coragem desta pequena, que em momento algum deixou transparecer, o medo que sentiu , para que seu possivel agressor, pensasse ser ela uma ingenuasinha que nem sabia o perigo que corria ... não deixando que descobrisse estar da posse da chave de sua casa. Assim com Fé e coragem, venceu o inimigo!!! Moral da história... Célia passou a viver como num cativeiro, sempre trancada a chave quando sózinha ... e sonhava ... com o seu cantinho de liberdade á beira mar plantado ... e passados doze meses, volta sòzinha, deixando para traz os pais, que com muito sofrimento a deixaram ir para Portugal, terminar os estudos , uma vez que levada pelo trauma vivido, negava-se a frequentar qualquer escola que fosse naquele país .
Caso verídico, narrado e escrito por : Cecília Rodrigues

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Rascunhos

Rascunhos


Em contagem decrescente, um futuro incerto. Há que construir a esperança, sem tempo de chorar ou rir.
Apenas colher a planta antes que esmoreça ao tempo.
Este céu que cobre a seara, em que o tempo tem o tempo contado e diz que o momento é oportuno, há-de chegar a hora do tempo legado e sarar feridas do pão semeado.

E as trevas que se aproximam, ofusquem-nas o sol da retribuição e as incertezas sejam certezas, o tempo é iníquo. Balança na rede do coração, toda a paz necessária, vamos viver um dia de cada vez, numa sorte que é arbitrária, sorrir nas arestas do tempo á espera que os frutos brotem e o tempo da colheita seja mais veloz que a tormenta.

Cecília Rodrigues

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Movem-se os tempos

Movem-se os tempos-Mote


Neste Mundo onde se aninham
Vertentes das mais diversas
São vidas muito dispersas
Em poemas que desalinham
Histórias minhas caminham
Rendilhadas de ilusão
Cheias d'alma e coração
Em poesia tão vulgar!
Espezinhado o meu pensar
Faz rabiscos de emoção.

Glosas
I
Tantas coisas más eu vejo
Sulcos de dor nos jornais
Lágrimas d'anjos são ais,
São gotas de dor e pejo,
À espera de um simples beijo,
Odes de amor que adivinham,
Tantos sonhos que definham!
Lindos sonhos de embalar,
Para as dores suportar,
Neste Mundo onde se aninham...
II
Existe um céu só de engodos
Aguarelas só de dor,
Moldurado o desamor,
Na paleta apenas lodos...
Num olhar que era de todos
Rabisco linhas reversas
E umas vielas controversas;
-Tão difícil entender!
Mãos q'não deviam nascer;
-Vertentes das mais diversas!
III
Uns só acalentam sonhos
Outros vivem sob escombros
Outros i'nda encolhem ombros,
Numa indiferença total,
Por impotência casual,
Desconversam as conversas;
Vivem a vida às avessas,
Num egoísmo comungado;
Ironia, lado a lado...
-São vidas, muito dispersas!

IV
Vislumbro este meu desejo.
Ter de Deus todas as Artes,
E vivenciá-las por partes.
Quero ofuscar o que eu vejo,
Tantos seres num rastejo,
Deambulam e definham;
São estros, que se avizinham,
Na tinta do meu papel
Alinhando um carrossel
Em poemas que desalinham.
V
Ardiloso o meu pensar
Compraz nestas conjecturas.
Edifica algumas juras
Dá voz e alma ao meu cantar.
Neste que é o meu chorar,
São meus olhos que adivinham
Os restolhos que patinham
Em rios de veleidades
Meus rabiscos são verdades
Histórias minhas caminham.
VI*
Creio num belo porvir
Futuro feito de amor
Sem ingratidão e sem dor;
Onde a paz há-de fluir
Num qualquer ano a seguir...
Presume a minha visão;
E as penas de mão em mão,
Serão versos de açucenas,
P'las ruas em cantilenas
Rendilhadas de ilusão.
VII
AH, poeta é um Zé-ninguém
E quando deveras sente
As dores de toda a gente...
Escreve o que lhe convém;
-Até diz que tem vintém!
Mesmo quando diz que não...
Verga a esquina em contra-mão
Tem ilusões de rotina,
Sonha cantigas de ardina
Cheias d'alma e coração.



VIII*

Esta é minha nostalgia
Vou castelos inventar
Semelhante ao meu olhar
Que diverge em simetria
Ora, transmite alegria
Ora, pára pra pensar;
Continua um divagar...
D'uma ilusão que não tinha...
Mesmo traçando uma linha
Em poesia tão vulgar!
IX
Renascida sobre o hoje
Realidade intemporal:
Ler notícia de jornal
Enorme revolta que urge
Junto a um desejo que surge!
De nada vai adiantar,
Impotente eu vou ficar,
Nesta vida sem entender;
Esperar e ver para crer...
-Espezinhado o meu pensar!
X
Que coberto de revolta...
Abate o mal que o rodeia
E que envolva a cruz alheia.
Porque o entulho anda á solta,
Pois os burros com sua escolta,
Ainda mandam, e então?
_Já tinha o Aleixo razão!
-O meu pensar persistente,
Afoito e bem pertinente,
Faz rabiscos de emoção.

Cecília Rodrigues
Maio-2008
*****