terça-feira, 16 de novembro de 2010

Movem-se os tempos

Movem-se os tempos-Mote


Neste Mundo onde se aninham
Vertentes das mais diversas
São vidas muito dispersas
Em poemas que desalinham
Histórias minhas caminham
Rendilhadas de ilusão
Cheias d'alma e coração
Em poesia tão vulgar!
Espezinhado o meu pensar
Faz rabiscos de emoção.

Glosas
I
Tantas coisas más eu vejo
Sulcos de dor nos jornais
Lágrimas d'anjos são ais,
São gotas de dor e pejo,
À espera de um simples beijo,
Odes de amor que adivinham,
Tantos sonhos que definham!
Lindos sonhos de embalar,
Para as dores suportar,
Neste Mundo onde se aninham...
II
Existe um céu só de engodos
Aguarelas só de dor,
Moldurado o desamor,
Na paleta apenas lodos...
Num olhar que era de todos
Rabisco linhas reversas
E umas vielas controversas;
-Tão difícil entender!
Mãos q'não deviam nascer;
-Vertentes das mais diversas!
III
Uns só acalentam sonhos
Outros vivem sob escombros
Outros i'nda encolhem ombros,
Numa indiferença total,
Por impotência casual,
Desconversam as conversas;
Vivem a vida às avessas,
Num egoísmo comungado;
Ironia, lado a lado...
-São vidas, muito dispersas!

IV
Vislumbro este meu desejo.
Ter de Deus todas as Artes,
E vivenciá-las por partes.
Quero ofuscar o que eu vejo,
Tantos seres num rastejo,
Deambulam e definham;
São estros, que se avizinham,
Na tinta do meu papel
Alinhando um carrossel
Em poemas que desalinham.
V
Ardiloso o meu pensar
Compraz nestas conjecturas.
Edifica algumas juras
Dá voz e alma ao meu cantar.
Neste que é o meu chorar,
São meus olhos que adivinham
Os restolhos que patinham
Em rios de veleidades
Meus rabiscos são verdades
Histórias minhas caminham.
VI*
Creio num belo porvir
Futuro feito de amor
Sem ingratidão e sem dor;
Onde a paz há-de fluir
Num qualquer ano a seguir...
Presume a minha visão;
E as penas de mão em mão,
Serão versos de açucenas,
P'las ruas em cantilenas
Rendilhadas de ilusão.
VII
AH, poeta é um Zé-ninguém
E quando deveras sente
As dores de toda a gente...
Escreve o que lhe convém;
-Até diz que tem vintém!
Mesmo quando diz que não...
Verga a esquina em contra-mão
Tem ilusões de rotina,
Sonha cantigas de ardina
Cheias d'alma e coração.



VIII*

Esta é minha nostalgia
Vou castelos inventar
Semelhante ao meu olhar
Que diverge em simetria
Ora, transmite alegria
Ora, pára pra pensar;
Continua um divagar...
D'uma ilusão que não tinha...
Mesmo traçando uma linha
Em poesia tão vulgar!
IX
Renascida sobre o hoje
Realidade intemporal:
Ler notícia de jornal
Enorme revolta que urge
Junto a um desejo que surge!
De nada vai adiantar,
Impotente eu vou ficar,
Nesta vida sem entender;
Esperar e ver para crer...
-Espezinhado o meu pensar!
X
Que coberto de revolta...
Abate o mal que o rodeia
E que envolva a cruz alheia.
Porque o entulho anda á solta,
Pois os burros com sua escolta,
Ainda mandam, e então?
_Já tinha o Aleixo razão!
-O meu pensar persistente,
Afoito e bem pertinente,
Faz rabiscos de emoção.

Cecília Rodrigues
Maio-2008
*****

2 comentários:

Margarida Soares Santa disse...

Olá Ceci

Lindo o seu poema. A vida é feita de uma sucessão de lições que devem ser vividas para serem compreendidas, assim é o poeta...

Beijocas da Margarida Santa

Unknown disse...

Oi Margarida, grata pela visita e comentário ..bjs Cecília